Hernany Tafuri



Hernany Luiz Tafuri Ferreira Júnior nasceu em Juiz de Fora, MG, em 1982.Trabalha como digitador e auxiliar de revisão no "Jornal do Poeta", periódico onde publica desde novembro de 2004. Publica poemas, contos e crônicas nas antologias da CBJE/RJ; participa do projeto "Curta Poesia" do "Jornal Intervalo"/RJ; antologia "Contos ao Mar" da Editora "Andross"/SP; "Antologia de Poesia Amorosa" organizada pelo poeta peruano Santiago Risso, que conta com poetas das Américas, Europa e África, em 2006 e Antologia virArte Voragem, em 2007 . Recebeu os seguintes prêmios: 1º lugar na classificação do "V Festival Cultural da Cidade de Itatiba - SP" com o poema "Mente(?)"; PRATA no XVII Concurso Nacional de Poesia “Werner Horn” da ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DE PARANAPUÃ, com o poema "Quanto vale?" e primeiro lugar no Prêmio missões/RS (2007).


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Quanto vale?

Quanto vale a dignidade
de um homem? Um pão?
Um mísero trocado?
Um favor ou uma laje
de concreto armado?

Quanto vale a conduta
de um homem?
Uma pérola ou um
chiqueiro? Um milhão
ou um país inteiro?

Quanto vale um voto?
Um jogo de camisas
de futebol? Um lugar ao sol?
A anticonsciência
da corrupção? A insatisfação
do dever amolecido
ou a certeza do direito
corrompido?

Quanto vale um poema?
(Este, não está à venda).

Hernany Tafuri

Haikai de Primavera

A Primavera
molda flores nas cores
da antiga estação

Hernany Tafuri

Frágil

Quero-te bem aqui
no céu da minha boca,
como numa canção louca;
confusa e indecifrável.

Quero-te totalmente frágil,
completamente ágil,
hábil, como sempre, entre
meus braços, entra
sem bater, reflete tua
coragem selvagem no espelho
da minha alma.

Quero-te calma, bem
na palma do meu coração,
escorrendo pelos vãos dos
dedos das minhas mãos;
endireita a minha vida
sorvendo cada palavra
quando eu estiver escrevendo
o epitáfio desta solidão.

Hernany Tafuri

Soneto III

Recrio a morte, corte diário
no fluxo de energia da vida.
Estando num caminho contrário,
a vejo como flor ressequida.

No vão das horas, tão solitário
permaneço, que julgo perdida
a busca por um bem necessário:
o amor que a deixará adormecida.

Alimento constante: saudade
que transborda infinitas imagens
dos momentos eternos vividos

ao lado dos amigos queridos...
Pena terem partido em viagens
longínquas; mesmo contra a vontade!...

Hernany Tafuri

Fóssil

Sou fóssil do amor que carrego.
Sou retrato malfeito,
mal-educado, sofredor;
sou autor de versos
pobres que apodrecem
em páginas em branco.
Sou o amor que migra
por corações
à procura de alguém
que o compreenda;
sou poeta apenas
para ter quem amo
um pouco mais perto.

Sou quem desejo ser,
e não escapo das
diárias mutações...
(as quais me imponho!)

Sou o elo entre
as palavras que
empalidecem um instante
após escritas
e o amor que as dita
sem medo de não mais
dominá-las.

Hernany Tafuri

Nunca

Nunca destrua
o nada que é
o nosso amor.

Ao menos
derrame
o amor que transborda
por meu peito só.

Recrie a saudade
atrelada à lembrança
daquilo que por pouco
não passou de vazio.

Espaço inabitável,
círculo quadrado,
retrato amassado
numa gaveta qualquer.

Exista, tão somente
para perceber
que os meus versos
são livres,
apesar de presos
a você.

Hernany Tafuri